Amplicação do Porto de Leixões vai impactar negativamente a paisagem

O Estudo de Impacto Ambiental conclui que a Ampliação e Reorganização do Terminal de Contentores Norte do Porto de Leixões, em Matosinhos, vai ter impactos negativos na paisagem, visíveis em vários pontos da orla costeira de Matosinhos e Leça da Palmeira. 
Agência Lusa
Agência Lusa
18 dez. 2025, 14:50

Porto de Leixões, com um barco com contentores a passar no meio de uma ponte móvel.
Fotografia: A obra pode custar até 216,6 milhões de euros.

A ampliação do terminal de contentores norte do porto de Leixões, em Matosinhos, vai causar "impactos negativos significativos a muito significativos na paisagem", de acordo com o Estudo de Impacto Ambiental consultado esta quinta-feira pela Lusa.

"São esperados impactes negativos significativos a muito significativos na paisagem devido à presença dos pórticos de cais e de parque e aos contentores que serão visualizados a partir de um conjunto de locais", pode ler-se no resumo não técnico do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para a Ampliação e Reorganização do Terminal de Contentores Norte do Porto de Leixões, em Matosinhos, distrito do Porto.

Em causa está a ampliação e reorganização do terminal de contentores norte do porto de Leixões, que poderá custar até 216,6 milhões de euros, segundo documentos da consulta pública que se inicia na sexta-feira e termina em fevereiro.

"Ainda que estes impactes sejam mitigáveis através da seleção de pórticos de menor volumetria e dimensão, bem como de cores semelhantes às atualmente existentes no porto, as várias componentes do projeto terão visibilidade muito significativa a partir do lado oceânico, do Terminal de Cruzeiros e do troço costeiro de Leça da Palmeira, nomeadamente ao longo da marginal contígua à Avenida da Liberdade", refere o documento.

Os impactos causados pela linha de contentores, que poderá ir até cinco unidades em altura, serão também visíveis "na praia imediatamente a norte do porto de Leixões e entre a Piscina de Marés e o Farol/Igreja da Boa Nova/Casa de Chá da Boa Nova".

"Em Matosinhos, o troço costeiro desde a praia de Matosinhos até ao Castelo do Queijo, incluindo a Avenida General Norton de Matos, a rotunda da Anémona [Praça Cidade do Salvador] e a via do Castelo do Queijo, terão impactes visuais significativos", refere também o documento.

Porém, o estudo defende que "o facto do TCN [Terminal de Contentores Norte] se localizar em plena área portuária, onde existem similares estruturas e movimentação periódica de navios de grandes dimensões torna aqueles novos elementos parte integrante e enquadrados na paisagem".

Em setembro, fonte oficial da Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL) já tinha adiantado à Lusa que o novo terminal norte do porto de Leixões terá uma altura limite de cinco contentores, mas assegurou que ficaria "afastado do centro histórico de Leça da Palmeira".

"A altura máxima assumida no projeto para o parque de contentores é a mesma praticada atualmente no Terminal de Contentores Norte (cinco contentores). O centro das operações de contentores após a sua ampliação será no anteporto do Porto de Leixões, ou seja, mais perto do mar e afastado do centro histórico de Leça da Palmeira", referiu então fonte da APDL.

Questionada a que distância estará o terminal da costa, fonte oficial da APDL respondeu que "o parque do Terminal irá desenvolver-se para lá do limite do edificado portuário existente (núcleo do edifício da antiga Sanidade, UPTEC MAR e Alfandega de Leixões), que será mantido, de modo a que as operações se façam para o lado do mar e afastadas do centro de Leça da Palmeira".

Em 20 de agosto, fonte da APDL já tinha dito à Lusa, sobre o impacto paisagístico do novo equipamento sobre Leça da Palmeira, que a sua localização "vai permitir afastar o centro da operação de contentores da malha urbana de Leça da Palmeira, transferindo-a para uma zona mais longe da cidade e mais próxima do mar".

"Desta forma, o impacto visual e sonoro sobre Leça da Palmeira será mais reduzido, salvaguardando-se a qualidade de vida das populações", assegurou à data.

Além dos impactos visuais hoje reconhecidos pelo estudo, são ainda esperados impactos negativos pouco significativos no ambiente sonoro, qualidade do ar e sistemas ecológicos, e na hidrodinâmica haverá uma "alteração local das correntes e o acentuar do constrangimento à circulação no anteporto".